segunda-feira, agosto 02, 2010

Outubro

Fevereiro de 1927. Ruiu a autocracia. A estátua de Alexandre III é derrubada. A burguesia, que tomou o poder, canta vitória. Nas igrejas, os sacerdotes desejam êxito ao Governo Provisório. Os soldados russos e alemães fraternizam na frente. Mas os mencheviques e os socialistas-revolucionários atraiçoam o povo: comprometem-se a continuar a guerra até a vitória final.

Reinam a fome e o frio em Petrogrado. Perto da "Estação da Finlândia", Lênin, de volta, faz um discurso caloroso aos operários, soldados e marinheiros, os quais vieram ao seu encontro.

Em julho, operários, soldados e marinheiros concentram-se muito perto do quartel general dos bolcheviques, situado no palácio Kszesinska. A concentração transforma-se em manifestação. Os alunos da escola militar atiram contra os manifestantes desarmados. A fim de isolar os bairros operários, o Governo Provisório ordena que se levantem as pontes sobre o rio Nêva. A redação do jornal "Pravda" é saqueada, os números recém impressos jogados ao rio. Os bolcheviques são obrigados a entrar na ilegalidade. O ídolo da burguesia, Kerenski, sobe as escadas do Palácio de Inverno, a residência dos tzares e, diante do busto de Napoleão, assume a pose do imperador e general francês. O proletariado de Petrogrado prepara as defesas da cidade contra o ataque do general Kornilov, que se rebelou contra o governo provisório. Os operários armam-se; estão prontos. A aventura de Kornilov acabou-se. Os grandes dias de outubro aproximam-se. Destacamento de insurrectos vão do Estado-Maior da Revolução até o Palácio de Inverno para assaltar o último baluarte da burguesia. Os Cossacos, os alunos das escolas militares e as mulheres-soldados do "batalhão da morte" defendem o palácio.

Durante o assalto, abre-se o Segundo Congresso dos Sovietes. Os delegados chegaram de todos os pontos do país. Os ministros do Governo Provisório, abandonados pelo Primeiro Ministro Kerenski, além de apavorados, dispersam-se. De noite, os agitadores de Smolni penetram no Palácio a fim de convencer os Cossacos a aderir à Revolução. Os destacamentos de operários e soldados levam o combate até os apartamentos dos tzares. Com um sorriso irônico nos lábios, um soldado examina a riqueza do quarto do Tzar, onde, há poucas horas, Kerenski dormia. Os ministros de Kerenski são presos. O poder passa para os Sovietes.

Serguei Eisenstein é considerados por muitos como o melhor diretor que já existiu na face da Terra. Para esta produção, Eisenstein contou com abundantes recursos e com toda a infra-estrutura de que necessitou. O Palácio de Inverno ficou a sua disposição durante meses e, como havia racionamento de energia, a cidade de Leningrado teve que permanecer sem luz durante várias noites em função do filme.

Outubro apresenta ao espectador alguns episódios que marcaram o período compreendido entre fevereiro e outubro de 1917. A participação do Partido Bolchevique é destacada, mas seu papel não é exaltado. A única liderança que se destaca é a de Lenin. Stalin não aparece no filme nenhuma vez. Na realidade, estamos nos referindo à versão oficial, posterior à censura. O filme original tinha quase três horas de duração: mais de uma hora de filme foi cortada, sobretudo as cenas nas quais Trotsky, Zinoviev e Kamenev apareciam. No único momento da versão final do filme em que Trotsky aparece, sua atuação é distorcida e apresentada de um ângulo negativo.

Não obstante toda a pressão do Partido e a posição contrária da crítica, Outubro é uma película com muitos aspectos positivos. O espírito do internacionalismo socialista, ponto crucial nas discussões da época e tão combatido por Stalin, está presente em toda a obra. O papel das massas ainda é apresentado como essencial para o processo revolucionário. Em termos estéticos, Outubro é um filme muito bom, ainda que seja inferior a Potemkin.

domingo, agosto 01, 2010

The War on Democracy (Guerra contra a Democracia)

O premiado jornalista John Pilger analisa o papel de Washington na manipulação da política latino-americana durante os últimos 50 anos. Desde meados do século 19 na América Latina tem sido o 'quintal' de os E.U.A., um conjunto de estados vassalos, cuja maior parte compatível com regimes brutais e muitas vezes têm reforçado a "invisibilidade" dos povos a sua maioria.

Começando com Hugo Chávez na Venezuela, mas também englobando a instalação de regimes fantoches no Chile e na Bolívia. A Escola das Américas, na estado da Geórgia, onde os tiranos latinoamericanos, treinavam seus esquadrões da morte com tudo o que se precisava saber para manter as pessoas sob tortura. Entrevistas com sobreviventes da tortura e os homens chefões da CIA, entre outros.

Diretor: John Pilger
Gênero: Documentário
Origem: Reino Unido / Austrália
Ano: 2004
Duração: 96 min
Elenco: John Pilger (narração)

Memórias Del Saqueo (Memórias Do Saque)

Diretor de Tangos, o Exílio de Gardel (1985) e A Nuvem (1998), o argentino Solanas trocou a ficção-cabeça pelo documentário para levar às telas uma corajosa denúncia da catastrófica política econômica de seu país. A fita cobre desde a época da ditadura nos anos 70 até a queda do presidente Fernando de la Rúa, em dezembro de 2001. Solanas, também narrador, não poupa outros dirigentes da Casa Rosada, como Carlos Menem.

A saída do governo do presidente argentino Fernando de La Rúa é o ponto de partida deste documentário que analisa os mecanismos que levaram a Argentina a mergulhar em uma crise sem precedentes na sua história. O cineasta argentino Fernando Solanas não apenas investiga as razões da derrocada de seu país, mas também aponta os principais responsáveis por ela. Segundo ele, as altas dívidas, o ultraliberalismo, a corrupção e a privatização indiscriminada foram resultado de uma política de terra arrasada empregada por Carlos Menem e seus asseclas, com a ajuda de empresas multinacionais ocidentais e a cumplicidade de organizações internacionais.

Direção: Fernando Solanas
Origem: Argentina / França / Suíça
Gênero: Documentário
Duração: 120 minutos
Ano: 2004

The Corporation (A Corporação)

The Corporation denuncia muitas irregularidades e apresenta diversas vitórias contra essa instituição que se diz invencível.

Cento e cinqüenta anos atrás, as corporações eram pequenas instituições de pouco valor. Hoje elas exercem uma forte influência no dia a dia de nossas vidas.

Assim como o Comunismo, a Igreja e a Monarquia em outras épocas, a Corporação tornou-se uma instituição poderosa e capaz de influenciar a história através dos tempos. Neste complexo e divertido documentário, o diretor Mark Achbar e o escritor e roteirista Joel Bakan mostram as repercussões da hegemonia das corporações na sociedade e na vida das pessoas. Documentário inspirado no best-seller de Joel Bakan (The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power) sobre os poderes das grandes corporações no mundo contemporâneo, que entrevistam presidentes de corporações como a Nike, Shell e IBM, além do Noam Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore. Prêmio do público no Sundance Film Festival de 2004.

Diretor: Jennifer Abbott e Mark Achbar
Gênero: Documentário
Origem: Canadá
Ano: 2004
Duração: 145 min
Elenco: Mikela J. Mikael, Jane Akre, Ray Anderson, Maude Barlow, Chris Barrett Diretor: Jennifer Abbott e Mark Achbar

terça-feira, julho 27, 2010

The Take (La Toma) - Ocupar. Resistir. Produzir.

Na Argentina em 2001, a classe média mais próspera da América Latina encontra-se numa cidade fantasma de fábricas abandonadas e desemprego em massa. Numa Buenos Aires suburbana, 30 trabalhadores desempregados entram na fábrica abandonada, desenrolam colchões e recusam-se a sair. Tudo o que querem é recomeçar as máquinas abandonadas.

O Realizador e Produtor Avi Lewis e a Escritora/Produtora Naomi Klein (No Logo) levam os espectadores para dentro da vida de visionários comuns, enquanto eles reclamam o seu trabalho, a sua dignidade e democracia.

Este ótimo documentário trata, não da crise da Argentina de uns anos atrás, quando o país quebrou economicamente, muito em parte graças às políticas econômicas neoliberais de Carlos Menem, mas de como os trabalhadores ocuparam, resistiram e deram continuidade à produção das fábricas pelo cooperativismo.

Comovente e inspirador, "The Take" mostra a história de operários argentinos, desempregados após anos de políticas neoliberais, que tomam as indústrias falidas, reativando-as. Única saída para sobreviver, enfrentam os mais diversos setores de poder. Força de vontade, coragem e solidariedade fazem parte da luta desses homens e mulheres.

Direção: Avi Lewis
Gênero: Documentário
Origem: Canadá
Ano: 2004
Duração: 87 min
Elenco: Matilde Adorno, Michel Camadessus, Bill Clinton, Gustavo Cordera, Freddy Espinoza, Raul Godoy, Néstor Kirchner, Naomi Klein, Avi Lewis, Celia Martinez, Carlos Saúl Menem, Lalo Paret, Juan Domingo Perón, Jorge Rimondi, Anoop Singh, Luis Zamara, Luis Zanón

Os Miseráveis

No início do século XIX, na França, Valjean foi condenado injustamente a prisão por ter roubado um pedaço de pão. Após 20 anos, sai em liberdade condicional e leva uma vida de perseguição e confronto, tornando-se um honrado e respeitável prefeito de uma pobre cidade, mas caçado por um obcecado policial que não acredita na sua transformação.
Apaixona-se por uma operária, que sofre maltratos por ter uma filha ilegítima e teve uma morte prematura. Valjean adota sua filha e tenta protegê-la dos perigos do mundo, mas quando ela se toma adulta, apaixona-se por um jovem revolucionário. Em plena revolução de 1832, Valjean luta e foge constantemente do policial, até que o confronto dos dois é inevitável.

Direção: Bille August
Gênero: Drama
Origem: EUA
Ano: 1998
Duração: 134 min
Elenco: Liam Neeson, Uma Thurman, Claire Danes, Geoffrey Rush, Hans Matherson, Peter Vaughan

terça-feira, julho 20, 2010

Cidadão Boilesen

O documentário revela as ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do famoso grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar, ajudando no financiamento da repressão violenta e também a sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirante, espécie de pedra fundamental do Doi-Codi.

Henning Albert Boilesen foi um personagem-chave na ditadura brasileira. Um empresário dinamarquês naturalizado brasileiro, era conhecido entre os seus amigos como uma pessoa alegre, agradável, afável. Para a ditadura, ele foi o responsável por recolher as contribuições do setor privado para financiar a Operação Bandeirantes, uma das ações mais violentas da história brasileira. Foi acusado de não apenas financiar a tortura, como estaria presente nas sessões. O documentário de Chaim Litewski , mais do que investigar o fator histórico, se focou na pessoa, e em todos os aspectos que ela trazia.

Direção: Chaim Litewski
Gênero: Documentário
Origem: Brasil
Ano: 2009
Duração: 92 min
Elenco: Celso Amorim, Jarbas Passarinho, Erasmo Dias, Dom Paulo Evaristo Arns, Fernando Henrique Cardoso.

Guerra do Brasil - Toda a Verdade sobre a Guerra do Paraguai

“Guerra do Brasil”, foi alvo de muita polêmica durante a I Mostra de Cinema Latino Americano do Paraná (1987), quando Silvio Back retirou sua obra da mostra. Entre 1864 e 1870, a América do Sul é palco do maior e mais sangrento conflito armado do século, conhecido como a "Guerra do Paraguai", quando mais de um milhão de pessoas morreram. O filme desmascara a história oficial, que mitificou certos vultos como o Duque de Caxias, até hoje tido como herói. Misturando ficção e documentário, o filme foi feito com base no trabalho de pesquisadores dos países latinos estudiosos do maior e mais sangrento conflito armado do século, conhecido como a Guerra do Paraguai ou Guerra Grande, para os paraguaios.

Diretor: Sylvio Back
Gênero: Documentário
Origem: Brasil
Ano: 1987
Duração: 79 minutos
Elenco: Hermano Henning (narração); Eduardo Galeano (Escritor Uruguaio); Jacinto Roque;
Cel. José Cancelo Santiago; Ricardo Caballero Aquino (Historiador Uruguaio); Julio José Chiavenato (Historiador Brasileiro); Cel Ayala Queirolo (Historiador paraguaio); Max Justo Guedes (Diretor do Serviço de Documentação Geral da Marinha brasileira); León Pomer (Historiador Argentino); Cel. Ruas Santos (Historiador Brasileiro); Cel. José Felix Pavón González (Cmte. Batalhão de Fronteira nº1 – Pilar / Paraguai); Cel. May

A Era da Estupidez

A história começa no ano de 2055. Um homem conhecido como o arquivista de toda a arte e dos conhecimentos adquiridos no mundo, interpretado por Pete Postlethwaite, revê filmes arquivados do passado buscando a resposta para a pergunta "quando poderíamos ter salvo a nós mesmos?". As filmagens que ele analisa consistem de reportagens mostrando os efeitos das alterações climáticas que estão entrelaçadas com seis histórias individuais:

Al Duvernay é mostrado por ter ajudado na sequência do Furacão Katrina. Ele também reflete sobre seu trabalho na indústria do petróleo e de recursos valiosos como estão sendo desperdiçados.

Um homem de negócios indiano, Jehangir Wadia, fala sobre o início de sua companhia aérea de baixo custo GoAir, e seu desejo de que todas as pessoas e não apenas os ricos possam se dar ao luxo de viajar de avião.

Uma família iraquiana, que fugiu para a Jordânia por causa da Guerra do Iraque, conta a história da morte de seus pais. O foco é em duas crianças da família, Jamila e Adnan.

Uma família de ingleses que faz uma excursão na geleira de Mont Blanc, na França, com seu guia Fernand Pareau, de oitenta e dois anos. Fernand é um habitante local que viu as geleiras diminuirem maciçamente no decorrer de sua vida. O guia também é indicado a tomar medidas contra a expansão da infra-estrutura rodoviária na sua área.

O pai da mesma família inglesa, Guy Piers, fala sobre seus esforços para desenvolver parques eólicos e como foi impedido por pessoas que professam um compromisso de lutar contra o aquecimento global por não quererem uma turbina de vento destruindo a paisagem.

Layefa Malemi é uma nigeriana que luta contra a pobreza, apesar da riqueza em petróleo de seu país. Ela conta sobre a aspiração de se tornar estudante de medicina e o impacto diário da exploração de óleo pela empresa [[Shell} da [[Nigéria}} sobre a saúde, segurança e ambiente do país

Direção: Franny Armstrong
Gênero: Documentário, ficção científica
Origem: Reino Unido
Ano: 2009
Duração: 89 min

segunda-feira, julho 12, 2010

A Batalha De Argel


A Batalha de Argel descreve eventos decisivos da guerra pela independência da Argélia, marco do processo histórico de libertação das colônias européias na África. A ação concentra-se entre 1954 e 1957 (a guerra só terminaria em 1962), mostrando como agiam os dois lados do conflito: enquanto o exército francês recorria à política de eliminação e à tortura, a Frente de Libertação Nacional (FLN) desenvolvia técnicas não convencionais de combate baseadas na guerrilha e no terrorismo. A luta da Argélia para se tornar independente da França é narrada pela trajetória de Ali, líder da Frente Algeriana de Libertação Nacional (FLN), desde o momento em que ele se une à organização, quando ainda era um pequeno ladrão, até sua captura, juntamente com os últimos líderes do movimento, e por fim a execução de todos pelo governo francês.
Banido por muitos anos na França e proibido no Brasil na época da ditadura militar, neste filme de imensa atualidade, o mestre italiano Gillo Pontecorvo mudou a história do cinema político ao construir uma narrativa de tirar o fôlego, em que mistura técnicas de documentário e de ficção.
A batalha de Argel [The Battle of Algiers] conquistou o Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Veneza de 1966 e, em 1969, quando foi lançado nos Estados Unidos, recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de melhor direção e melhor roteiro original.

Direção: Gillo Pontecorvo
Gênero: Drama / Guerra
Origem: Argélia / Itália
Ano: 1966
Duração: 117 min
Elenco: Brahim Haggiag, Yacef Saadi, Jean Martin, Tommaso Neri, Fawzia el Kader, Michele Kerbash, Mohamed Ben Kassen, Samia Kerbash